quarta-feira, 28 de maio de 2014

Declaração de Variáveis

Como em uma programação em linguagem de computador, preciso, antes de começar esse texto, declara algumas coisa:

A primeira coisa é que eu sou apenas um rapaz latino americano, devendo os tufos no banco...

Depois, antes de começar a contar um pouco sobre a minha deficiência, preciso contar um pouco da minha história:
Sou filho de uma bióloga e acupunturista de sucesso, com um engenheiro elétrico com mais de 30 anos de experiência em ferrovias, especialmente metrô. Logo no início da vida, fui acometido de uma dermatite atópica de médio impacto. Minha mãe então, que já tinha inclinação naturalista me submetou a um regime macrobiótio severo, que por fim limpou a minha pele mas com muitos prejuízos sociais:

Na escola, enquanto todos usavam roupas de tecido sintético, eu era obrigado a me vestir como um velho, pois não haviam, em 1980, roupas da moda de algodão natural ou de lã hipoalergênica. Ainda na escola, quando todos levavam seus lanches com presunto e queijo, eu só poderia comer uma cenoura com o mínimo possível de sal para temperar. Tomates, carne vermelha, refrigerantes, açúcar branco, café, chocolate, balas e tudo o que fazia a cabeça da criançada para mim era terminantemente proibido.

Para uma criança de classe média brasileira, na época, esse comportamento “diferente” virava, não raro,
Bebê com Dermatite Atópica na Mão.
motivo de chacota, bulling do pior tipo, na linguagem de hoje. A minha pela me rendeu apelidos e a repulsa de colegas, professores e até familiares.

Só aos 33 anos de idade que descobri que esse tipo de alergia ocorre pelo distúrbio da Glândula Supra Renal, que secreta um hormônio chamado Cortisol, além de outros como a adrenalina e a noradrenalina. Quando estamos estressados ou pressionados essa glândula secreta esses hormônios. Mas se ficamos durante muito tempo solicitando-a, isso faz com que a produção seja irregular, tendendo a zero.

Não preciso falar mais nada, sobre isso né?

Contei essa história para falar que eu lutei desde criancinha para ser aceito em uma sociedade que nunca me quis (e falo isso sem coitadismos ou traumas). Mas parece que depois de uns 20 anos luta, até que eu consegui ser normal. Um típico “João Brasileiro Médio” homuns méduiums, cientificamente, mas só por fora. Deveria estar muito feliz com isso, mas acho que predi muito mais do que ganhei.

A minha personalidade, amigável, se tornou uma máscara social. Tenho pavor em contrariar qualquer pessoa que seja, até a minha filha, quando merece uma chamada.

No trabalho não sou capaz de expressar minhas opiniões, mesmo tendo perfeita convicção que estou certo e todos errados (e isso já aconteceu muitas vezes). Mas com a minha esposa, coitada... Para ela não tem máscara nenhuma e ela acaba sofrendo com a minha insatisfação da vida. Não raro ela acha que o problema da minha vida é ela. Coitada. Se ela soubesse como a amo...

Mas voltando ao assunto, me tornei uma pessoa totalmente diferente de mim. Por mais ilógico que possa parecer é totalmente verdade. Isso rende maus desempenhos em quase tudo que vou fazer de normal. E frequentes explosões de raiva, quando eu não consigo mais sustentar a máscara. Mas excelentes desempenhos quando estou fora da prisão da normalidade, em praticamente tudo que faço fora do comumente esperado de mim pela sociedade.

Teria tudo para ser um adolescente boyzinho revoltadinho e um adulto comprometido com “La Revolución”, mas escolhi outro caminho.

Ouvindo o Podcast Café Brasil n° 374 (Régua, Compasso eNormose 1), que fala sobre uma enfermidade da alma chamada Normose, onde pessoas se submetem a regras e preceitos sociais de forma patológica, uma epifania me ocorreu: Eu lutei a vida toda para ser uma pessoa que não sou, por conta de uma doença que não é minha. Criado de forma diferente por meus pais, com interesses totalmente diferentes do que era esperado de mim, mas sendo pressionado por todos ao me redor (inclusive meus pais) para me adequar as regras e ao que se consideraria normal.

Tem coisas que não podem ser normalizadas e nem generalizadas
Aprendi que não! Nem eu e nem ninguém é normal! Somos seres que vivem em sociedade, mas ao mesmo tempo, somos muito mais complexos que formigas ou abelhas, por exemplo. Eu sou mais, você é mais do que dizem que você é! Só que existem egos e brios que não querem deixar que você seja quem você é.
Nós já passamos de 1984. A dominação das mentes não veio através do computador, mas através da mídia. Pense nisso: O seu compromisso é com suas convicções e não com seu chefe ou com o apresentador do Jornal.

Mesmo antes de conhecer o Café Brasil venho travando uma luta contra a despocitização das pessoas ao me redor. Criei alguns blogs que falam sobre a vida, e que mostram outra visão de mundo, diferente da que a Rede G, Rede T, Rede B e Sistema B de TV querem me induzir a ver.

Eu sofri muito para ser quem eu sou hoje por culpa de pessoas interesseiras e que cresceram montadas sobre a rejeição dos diferentes. Mas isso mudou! (Vejaa postagem “Se arrependimento matasse eu.... não morria não.”) Estou na luta pela melhora da percepção de mundo dos que me cercam, mas devo confessar que pouquíssimas pessoas aceitam.

Por hora vou continuando a escrever a lutar, na esperança que eu e você, queridíssimo leitor, possamos criar no Brasil uma nação, e não um paiseco.

Escute o Podcast na íntegra, mas antes dê seu comentario e compartilhe. Clique aqui para abir o Café Brasil 374. 


Até o próximo post!

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