quarta-feira, 30 de julho de 2014

Dois pra frente e um pra trás.

Não, não vou falar sobre dança, nesse post. Esse está mais em como se portar no trabalho e dar uma dica de leitura. Mas, no final de contas até que também pode ser encarado como dança. Dança das cadeiras, se é que você me entende.

Eu já tive muitas crises de consciência, no meu passado recente, por não conseguir dar muitos passos largos na minha vida profissional. E ficava pensando, por que as pessoas de sucesso progridem? Talvez isso seja algo banal para você, caro leitor, profissional de sucesso, mas para mim e creio que para a maioria das pessoas do Brasil essa regra não esta muito clara.

Então, vamos tentar aqui exemplificá-la.

Enquanto bebês, aprendendo a andar, nós levantamos com dificuldade e somos moles, e agarrando nas coisas, sentindo dores nas pernas, damos o primeiro passo. E todo mundo aplaude! E o bebê se sente confiante, e da o segundo passo, claro, com menos cuidado do que o primeiro, mas não está bem preparado para isso, então, cai. Logo que percebe que o bebê caiu, o adulto que está mais próximo, o ajuda a se levantar, tranqüiliza a criança dizendo que não foi nada, e a encoraja a voltar

a andar.

Com a nossa vida sempre é assim.  Damos o primeiro passo e caímos logo no segundo. A diferença está em como se reage a isso. Se eu me retrair ao cair, eu retrocedi. Se eu me levantar, achar que não foi nada, então eu volto do ponto em que cai, recomeço. Isso vale para tudo o que se almeja. Por que seria diferente no trabalho?

Aliás, Deus, na bíblia, deixou uma lição muito explícita, forte e sutil sobre isso. É a parábola dos talentos, que está em Mateus 25:14-30

"Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens.
E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe.
E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles, e granjeou outros cinco talentos.
Da mesma sorte, o que recebera dois, granjeou também outros dois.
Mas o que recebera um, foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor.
E muito tempo depois veio o senhor daqueles servos, e fez contas com eles.
Então aproximou-se o que recebera cinco talentos, e trouxe-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que granjeei com eles.
E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
E, chegando também o que tinha recebido dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; eis que com eles granjeei outros dois talentos.
Disse-lhe o seu senhor: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
Mas, chegando também o que recebera um talento, disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste;
E, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu.
Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei?
Devias então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros e, quando eu viesse, receberia o meu com os juros.
Tirai-lhe pois o talento, e dai-o ao que tem os dez talentos.
Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver até o que tem ser-lhe-á tirado.
Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes."

Note como fica clara a recompensa que o senhor dá aqueles que investiram os seus talentos.
Ah, só para botar os pingos nos is, talento naquela época era uma medida de peso ou de dinheiro. Nesse contexto, é consenso entre os teólogos que Jesus se referia a grana mesmo.

Segundo o Wikipédia, um talento valia cerca de 3,6 kilos de ouro. Faça as contas. Tomando como base a cotação de R$ 92,8 por grama do ouro (cotação oficial de quando esse post foi escrito - 28/07/2014), cada talento valeria em torno de 334.080 reais. Da pra comprar uma bela casa com só um talento.

Mas, na realidade. O dinheiro é apenas a representação numérica de quanta energia e desempenho você vende.

Então, será que Jesus esta nos encorajando a sermos investidores? A correr riscos calculados?

Talvez seja preciso se desvincular um pouco da idéia da religião para perceber como as nossas atitudes são baseadas nas nossas crenças, inclusive as atitudes de contrariam as nossas próprias crenças.

Vou deixar essa provocação no ar. Mas antes de fechar, se você achou interessante clique em curtir. E se você quiser ajudar esse blogueiro iniciante, compartilhe e nos diga o que você achou! 

Esse post foi inspirando em uma passagem do livro "Pare de se sabotar no trabalho", e um programa Café Brasil. Fica aí a dica...

Então, sigo tentando assumir riscos, saber me levantar quando cair e não desanimar quando as adversidades aparecerem. Quem tiver uma receita para isso, por favor, alguém ávido por ela!


Até os próximos 5 minutos!

sexta-feira, 11 de julho de 2014

O que aprendi com a Mona

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La Gioconda, de Leonardo Da Vinci (1)
Quando fui ao Louvre pela primeira vez, na enorme expectativa de ver a mais famosa pintura de todos os tempos, eu me decepcionei. Aos 16 anos, em meio a um inverno de escaldantes 5 graus positivos ao sol do meio dia, eu vi a incrível obra de 77 x 53 cm, com seu sorriso(?) enigmático.


Acontece que eu estava esperando algo fenomenal. E o que vi foi uma mulher meio feia, que mais parece.... E de repente veio uma excursão de japoneses, que passaram na minha frente. Tamanha a minha decepção com o quadro, que eu me virei e foi embora, junto com os japoneses, levados pelos seguranças do lugar, por usarem flash. Naquela viagem jurei a mim mesmo que nunca mais voltaria a Paris. Mas...

Agora, na minha lua de mel, que foi a minha segunda vez em Paris (até agora, que fique bem claro), eu e minha esposa fomos novamente ver a Gioconda. Dessa vez no verão, com a cidade lotada de turistas. Fomos aonde todos foram, e mais uma vez, lá estava a mona, toda paparicada, não por uma excursão, mas por centenas de turistas loucos para vê-la.

Então, eu entendi que não era eu que estava sem sorte. Era que a Gigi era realmente muito paparicada por todos. Mas, sabe como é, né?, vida de observador é um pouco diferente... Então eu comecei a reparar que na mesma sala e nos arredores haviam tantas obras mais bonitas de se ver; que os quadros, esculturas e tudo mais, só nas imediações, eram tão mais fantásticos, então por que a maior parte dos visitantes do museu estava fotografando, paparicando e dizendo óóóó para um quadro que seria só mais um, não fosse a fama que tem? E mais, muitos visitantes do museu iam lá só para ver o alter ego feminino do Leonardo Da Vinci (segundos alguns historiadores)...

Um bom exemplo é o quadro das Bodas de Caná,
As Bodas de Caná, de Paolo Veronese (2)

que está na parede oposta a nossa amiga Gigi. Uma riquesa de detalhes, perfeição, fluideza, que impressionam, dá pra passar horas observando esse quadro. Vale a pena clicar nesse quadro e ver mais de perto!


 Bem, e do outro lado da parede...
Veja lá em cima de novo... (3)
Acho que foi por que algum crítico de arte gabaritado disse isso. E todos nós, simples mortais, acreditamos.

Antes que alguém venha me dizer que eu não sou ninguém para falar mal de Leonardo da Vinci, quero dizer que eu não sou grande conhecedor de arte, e se conhecer, talvez eu até mude de opinião. Mas faço parte do público normal, o povão que vai visitar museus para ver coisas que enchem os olhos e a alma. Então, um quadrinho escuro, simples, de uma mulher feia, com um sorrisinho estranho... na boa, não faz muito a minha praia.

Comecei a raciocinar, então, que não existe lugar comum. A Mona pode ser espetacular para alguns, mas não para a maioria das pessoas.  Para mim, como para a minha mulher e para a maioria das pessoas que estavam lá, La Gioconda não passa de mais um quadro que passaria desapercebido, não fosse alguém falar que ele é especial. Então minha primeira observação ao constatar isso, foi gravar esse vídeo aqui, ó:



Agora, pare para pensar: quantas vezes você achou que alguma coisa é incrível, genial, fantástica, só por que alguém com carisma, fama ou currículo disse isso? Mais do que isso, quantas vezes a gente perdeu cosias espetaculares, por acomodação, preguiça mesmo... Pois é isso que as pessoas normalmente fazem, e esse comportamento bovino vai muito além... 

Talvez esteja na hora de você ser quem puxa a boiada... Mas antes, deixe seu comentário e/ou compartilhe essa postagem! (risos)
Apenas dando nome aos bois: "Mona Lisa ("Senhora Lisa" ) também conhecida como A Gioconda (em italiano, La Gioconda, "a sorridente" ; em francês, La Joconde) ou ainda Mona Lisa del Giocondo ("Senhora Lisa [esposa] de Giocondo") é a mais notável e conhecida obra de Leonardo da Vinci." fonte, wikipedia.

Seja um agente melhorador do mundo, não esteja aqui só por que esta vivo. Viver a vida vai muito além da novela, das fofocas, e do trabalho. É enxergar o que ainda ninguém viu, e todos temos essa capacidade!

Até os próximos 5 minutos.


 Fontes:

Quadros:
(1)- La Gioconda - Do Léo
(2)- São João Batista (com o dedo para cima) - Do Léo
(3) - As Bodas de Caná (que é a representação de quando Jesus transforma água em vinho) - De Paolo Veronese
- e um outro monte que aparece no vídeo...



quarta-feira, 2 de julho de 2014

Sorria, você está sendo manipulado

Vamos imaginar um caso hipotético:

Você, um plantador e traficante de maconha, rico, muito rico. Tem seu negócio mantido as custas da compra de muitos fiscais, policiais e afins... Mas, em um dado momento, você quer expandir seus negócios, mas esses esbarram na lei, claro, por que tráfico de drogas é ilegal.

Mas, e se, você pudesse fazer um trabalho de conscientização da opinião pública. Conscientizando que "uma erva natural não pode te prejudicar" (Lembra disso?). De que não causa dependência química, como o cigarro, e etc.

Seria bom, para seus negócios que a opinião pública mudasse e as leis junto com ela.

Concordou comigo? Pois, continue lendo.

Quero apresentar a vocês a teoria de um ex-vice presidente de um negócio chamado de Think Tank, que eram uma espécie de clubes para a discussão de assuntos relacionados a sociedade.

O nome do nosso herói de hoje é Joseph P. Overton.

O Sr. Overton pesquisou e entendeu como a opinião pública funciona e como ela pode ser manipulada.

Vou deixar que o mestre Luciano Pires explique:

"Imaginemos qualquer causa politico/social (educação, aborto, descriminalização de drogas, não interessa). Para cada causa há um espectro de ideias que vai de um extremo a outro (do pensamento mais radical ao mais liberal). A janela de Overton é o leque de ideias "aceitáveis" na sociedade, ou seja, a posição da sociedade num dado espectro.


Deixe-me tentar explicar melhor. Vamos tratar do casamento gay, por exemplo. Se alinharmos as posições a respeito do tema teremos algo assim: proibido, proibido com ressalvas, neutro, permitido com ressalvas, permitido livremente.  Durante anos, a janela de Overton esteve na área do proibido. A sociedade não podia aceitar a ideia do casamento gay. Com o passar dos anos, com a discussão do tema, a constante exposição dos argumentos pró gays na mídia, a janela foi se deslocando para proibido com ressalvas, depois para neutro, até chegar onde está hoje: permitido com ressalvas. Em breve será o permitido livremente.
A questão das drogas também. O consumo das drogas tem a janela de Overton posicionada entre proibido e proibido com ressalvas. A exposição do assunto, a atividade febril dos militantes pró descriminalização está deslocando a janela em direção à posição neutra permitida com ressalvas. Em breve teremos uma flexibilização das leis, conforme a opinião pública tornar-se mais tolerante com a ideia da descriminalização.
É no deslocamento da Janela de Overton para posições que sejam de interesse de determinados grupos que está aplicado um esforço altamente profissional, que faz parte do que se convencionou chamar de engenharia social.
Engenharia social é o ato de influenciar uma pessoa para que ela execute ações que não sejam necessariamente de seu melhor interesse. Houve uma tendência de localizar a engenharia social na área de gerenciamento de informação, especialmente em ações relacionadas á internet, mas ela é mais abrangente que isso. Envolve todos os segmentos da sociedade. Toda vez que você tenta fazer com que alguém faça alguma coisa que seja de seu interesse seu de você, e não dele ou dela – você está executando uma ação de engenharia social.  Engenharia social não é necessariamente algo ruim, mas tem sido utilizada extensamente para conseguir que minorias atinjam determinados objetivos.
Muito bem. Sacou? A janela de Overton é a posição dentro de um espectro de opiniões entre o permitido e o proibido, onde se situa a opinião pública. Outro exemplo: na minha infância, a janela de Overton da opinião pública sobre “caçar passarinhoestava na posição “neutro ou a favor”. Hoje essa janela está deslocada para “contra”. Não se admite mais matar passarinhos.
Para tentar deslocar a janela de opinião da posição “contra” para a menos contra”, até chegar à “neutralidadee um dia, ao “a favor”, é fundamental desviar o foco, trabalhando algum outro valor relacionado ao tema. É então que entra em campo um exército de especialistas em opinião pública”: técnicos, cientistas, assessores de imprensa, relações públicas, institutos de pesquisa, agências de lobby, etc etc."

No caso hipotético das maconha, que citei la em cima, basta ele enfatizar que a maconha além de recreativa é medicinal e que não vicia. Mas nenhuma palavra é mencionada quando o assunto é dependência mental, aumento da síndrome do pânico, da criminalidade, destruição eventual de famílias e todos os outros problemas que a maconha acarreta."

Ou seja, o mérito da questão normalmente não é debatido, somente algum tema correlato. Veja o que o jornalista Reynaldo Azevedo disse sobre o caos aéreo.

Não faz tempo, o caos nos aeroportos brasileiros e o péssimo serviço oferecido por algumas companhias aéreas acabaram surgindo no noticiário como evidências do sucesso do governo petista na política de distribuição de renda, que teria levado os pobres para o avião. A questão essencial ficou de lado: por que aeroportos e companhias aéreas não se organizaram para isso? A janela da opinião pública, é evidente, estava numa posição crítica, contrária ao governo e à bagunça das companhias. Mas se deslocou um pouco para recepcionar a tese do bom caos, gerado por motivos edificantes, "como o aumento do poder de compra dos brasileiros, por exemplo) - inclusão nossa.


Como, então, distinguir o seu pensamento dessa confusão de outros pensamentos e lobbies organizados?  Bem, não tenho a receita. O que costumo recomendar é o seguinte: verifique sempre se as pessoas estão debatendo o mérito da questão ou algum tema associado, que pode até guardar algum parentesco com o assunto principal, mas que é um óbvio desvio.
Se você se pegar falando sobre o desvio, o tema paralelo, não duvide: você caiu na rede profissional dos operadores de opinião pública.”
  
E então, quantas vezes o foco principal de uma discussão foi alterado para uma discussão correlata? 
Veja mais um exemplo do Reynal Azevedo, refletindo quando em 2011 houve a proibição do uso de sacolas plásticas nos supermercados.

"Os temas variam dos mais graves, como o aborto e o Código Florestal, que dizem respeito, respectivamente, à vida humana e à segurança alimentar, aos mais bizarros — mas nem por isso menos lucrativos, como as sacolinhas plásticas nos supermercados. Ninguém convenceria de bom grado um consumidor a sair do mercado carregando compras em caixas de papelão ou em sacolas de lona. Os incômodos são muitos. Alevantou-se, como diria o poeta, um valor mais alto — e hoje base de várias teses autoritárias influentes: a conservação da natureza.Huuummm… Em nome dela, nada mais de sacolinhas feitas de derivado de petróleo! Certo! Considerando que os brasileiros não comem plástico, aquele troço servia, leitor amigo, na sua casa e na minha, de saquinho de lixo, certo? Sem um, aumenta o consumo do outro, e o resultado tende ao empate. Os supermercados podem ganhar uns trocos não fornecendo os saquinhos, a indústria de plástico pode compensar a baixa do consumo de um produto com a elevação do consumo de outro, e só o consumidor se dana. Mas esperem! Há a sacolinha reciclável, feita, parece, com algum derivado do milho… Descobriu-se de pois que havia um único fornecedor para o produto… É mesmo?"
Nesse caso específico, a manipulação não foi muito bem orquestrada, e falhou. Desde 2012 é lei que os supermercados ofereçam sacolas plásticas. 

Pois é... Você está sendo manipulado o tempo todo e nem se dá conta disso... 

Mas calma, nem tudo o que vivemos é comportamento de boiada. Não entre na paranoia, apenas saiba filtrar as coisas. 

Isso é assunto para outros posts. Fica a dica, aceitamos comentários! 

Nossas Referências?