Como em uma programação em linguagem de computador, preciso,
antes de começar esse texto, declara algumas coisa:
A primeira coisa é que eu sou apenas um rapaz latino
americano, devendo os tufos no banco...
Depois, antes de começar a contar um pouco sobre a minha deficiência,
preciso contar um pouco da minha história:
Sou filho de uma bióloga e acupunturista de sucesso, com um engenheiro
elétrico com mais de 30 anos de experiência em ferrovias, especialmente metrô. Logo
no início da vida, fui acometido de uma dermatite atópica de médio impacto. Minha
mãe então, que já tinha inclinação naturalista me submetou a um regime
macrobiótio severo, que por fim limpou a minha pele mas com muitos prejuízos
sociais:
Na escola, enquanto todos usavam roupas de tecido sintético,
eu era obrigado a me vestir como um velho, pois não haviam, em 1980, roupas da
moda de algodão natural ou de lã hipoalergênica. Ainda na escola, quando todos levavam
seus lanches com presunto e queijo, eu só poderia comer uma cenoura com o mínimo
possível de sal para temperar. Tomates, carne vermelha, refrigerantes, açúcar
branco, café, chocolate, balas e tudo o que fazia a cabeça da criançada para
mim era terminantemente proibido.
Para uma criança de classe média brasileira, na época, esse
comportamento “diferente” virava, não raro,
Bebê com Dermatite Atópica na Mão. |
Só aos 33 anos de idade que descobri que esse tipo de
alergia ocorre pelo distúrbio da Glândula Supra Renal, que secreta um hormônio chamado
Cortisol, além de outros como a adrenalina e a noradrenalina. Quando estamos
estressados ou pressionados essa glândula secreta esses hormônios. Mas se
ficamos durante muito tempo solicitando-a, isso faz com que a produção seja
irregular, tendendo a zero.
Não preciso falar mais nada, sobre isso né?
Contei essa história para falar que eu lutei desde
criancinha para ser aceito em uma sociedade que nunca me quis (e falo isso sem
coitadismos ou traumas). Mas parece que depois de uns 20 anos luta, até que eu
consegui ser normal. Um típico “João Brasileiro Médio” homuns méduiums, cientificamente, mas só por fora.
Deveria estar muito feliz com isso, mas acho que predi muito mais do que
ganhei.
A minha personalidade, amigável, se tornou uma máscara
social. Tenho pavor em contrariar qualquer pessoa que seja, até a minha filha,
quando merece uma chamada.
No trabalho não sou capaz de expressar minhas opiniões,
mesmo tendo perfeita convicção que estou certo e todos errados (e isso já aconteceu
muitas vezes). Mas com a minha esposa, coitada... Para ela não tem máscara
nenhuma e ela acaba sofrendo com a minha insatisfação da vida. Não raro ela
acha que o problema da minha vida é ela. Coitada. Se ela soubesse como a amo...
Mas voltando ao assunto, me tornei uma pessoa totalmente
diferente de mim. Por mais ilógico que possa parecer é totalmente verdade. Isso
rende maus desempenhos em quase tudo que vou fazer de normal. E frequentes
explosões de raiva, quando eu não consigo mais sustentar a máscara. Mas
excelentes desempenhos quando estou fora da prisão da normalidade, em
praticamente tudo que faço fora do comumente esperado de mim pela sociedade.
Teria tudo para ser um adolescente boyzinho revoltadinho e
um adulto comprometido com “La Revolución”, mas escolhi outro caminho.
Ouvindo o Podcast Café Brasil n° 374 (Régua, Compasso eNormose 1), que fala sobre uma enfermidade da alma chamada Normose, onde
pessoas se submetem a regras e preceitos sociais de forma patológica, uma
epifania me ocorreu: Eu lutei a vida toda para ser uma pessoa que não sou, por
conta de uma doença que não é minha. Criado de forma diferente por meus pais,
com interesses totalmente diferentes do que era esperado de mim, mas sendo
pressionado por todos ao me redor (inclusive meus pais) para me adequar as
regras e ao que se consideraria normal.
Tem coisas que não podem ser normalizadas e nem generalizadas |
Aprendi que não! Nem eu e nem ninguém é normal! Somos seres
que vivem em sociedade, mas ao mesmo tempo, somos muito mais complexos que
formigas ou abelhas, por exemplo. Eu sou mais, você é mais do que dizem que você
é! Só que existem egos e brios que não querem deixar que você seja quem você é.
Nós já passamos de 1984. A dominação das mentes não veio
através do computador, mas através da mídia. Pense nisso: O seu compromisso é
com suas convicções e não com seu chefe ou com o apresentador do Jornal.
Mesmo antes de conhecer o Café Brasil venho travando uma
luta contra a despocitização das pessoas ao me redor. Criei alguns blogs que
falam sobre a vida, e que mostram outra visão de mundo, diferente da que a Rede
G, Rede T, Rede B e Sistema B de TV querem me induzir a ver.
Eu sofri muito para ser quem eu sou hoje por culpa de pessoas interesseiras e que
cresceram montadas sobre a rejeição dos diferentes. Mas isso mudou! (Vejaa postagem “Se arrependimento matasse eu.... não morria não.”) Estou na
luta pela melhora da percepção de mundo dos que me cercam, mas devo confessar
que pouquíssimas pessoas aceitam.
Por hora vou continuando a escrever a lutar, na esperança
que eu e você, queridíssimo leitor, possamos criar no Brasil uma nação, e não
um paiseco.
Escute o Podcast na íntegra, mas antes dê seu comentario e compartilhe. Clique aqui para abir o Café Brasil 374.
Até o próximo post!
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